segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O simbolismo da lemniscata (infinito)


O símbolo de infinito ∞, o famoso “oito deitado” representa o infinito, eternidade, e potencial divino. Seu nome é lemniscata.

Infinito, representado com o símbolo é uma noção quase-numérica empregada em proposições matemáticas, filosóficas ou teológicas e que faz referência à falta de limite e falta de fronteira no tamanho, quantidade ou extensão. Infinito Potencial é usado para processos que podem, em princípio, continuar para sempre, ou para objetos que podem, em princípio, crescer para sempre.

A imagem é conhecida desde a antiguidade, o nome não. Lemniscata é um adjetivo latino que significa “ornada de fitas", tido como um símbolo do infinito. A razão de essa curva geométrica especial assumir tal significado é seu traço, contínuo, uma forma sem começo nem fim.

Adotada por diversas linhas espirituais, ela simboliza, para os rosa-cruzes, a evolução quando observada de dois lados: o físico e o espiritual. Um dos anéis de lemniscata é a jornada do nascimento à morte, o outro da morte ao novo nascimento. O ponto central é considerado o portal entre os dois mundos. Essa figura aparece em antigos desenhos celtas e no caduceu (cetro) de Hermes, o deus grego da comunicação (que leva as mensagens dos mortais para os deuses). Na antroposofia (filosofia espiritual sistematizada pelo austríaco Rudolf Steiner no século 19), a lemniscata ocupa um papel central porque representa o equilíbrio dinâmico, perfeito e rítmico do corpo. A forma geométrica da lemniscata é a base de muitos processos antroposóficos: desde a dinamização de medicamentos até a criação de estruturas arquitetônicas, movimentos da euritmia, desenhos da terapia artística,etc.

No tarô, a lemniscata aparece em duas cartas: ela flutua acima das cabeças do Mago (carta 1) e no personagem que força a abertura da boca do leão na carta 11, a Força. Há tarôs sem o símbolo sobre os dois personagens, mas, nos chapéus que usam, as abas formam lemniscatas. No livro Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô (Edições Paulinas), lê-se que a lemniscata simboliza o ritmo, a respiração e a circulação (o desenho tem claramente dois ciclos). Ela é então o símbolo do ritmo eterno, ou da eternidade do ritmo, e sinaliza, no tarô, o conhecimento desse segredo.


Infinito no Universo

“Será que o infinito real existe no universo físico? Existem infinitas estrelas? O universo tem volume infinito? O espaço cresce para sempre?”

A questão de algo ser infinito é logicamente separada da de não ter fronteiras. Por exemplo, a superfície bidimensional da Terra é finita, embora não tenha fronteiras. Se algo se mover em uma linha reta paralela ao solo, vai retornar ao ponto exato da partida. O universo, pelo menos a princípio, poderia operar de forma similar: se um corpo se mover sempre na mesma direção e por tempo suficiente, talvez passe exatamente pelo ponto de onde saiu.

Aproveite e faça uma meditação usando o símbolo: 



Fonte de pesquisa: http://www.significados.com.br/oito-deitado/

domingo, 24 de julho de 2011

"Symbolon, um baralho sui generis"

Você já ouviu falar no baralho SYMBOLON? Não, não é um tarô, embora algumas de suas cartas se aproximem alegoricamente dos famosos arcanos. Quando travei contato com esse deck em 1998, pouco o valorizei, não conseguia enxergar outro baralho que não fosse o tarô e, naturalmente resistia me envolver com supostas "imitações". O primeiro contato foi numa lista virtual do grupo Yahoo através de um tarólogo amigo de nome Marcelo Bueno (à época ele usava um outro nome, não era Kirtan, penso que se autodenominava Uther de Pendragon, posso estar enganado). Marcelo postou um texto que vinha acompanhado de uma das cartas (The Fall) que literalmente significa "a queda" como podemos notar mais abaixo. A imagem me intrigou bastante, o suficiente para me fazer pensar durante os 04 anos seguintes sobre a sua simbologia e importância oracular.



Somente em 2005 é que comecei a estudar o baralho e dois anos depois uma amiga de Natal (RN) me presenteou. Fiquei muito entusiasmado com as figuras, a beleza e a riqueza simbólica do deck. Situando-o sobre sua criação, foi publicado pela primeira vez em 1993 pela editora AG Müller, idealizado pelos artistas e pesquisadores Ingrid Zinnel, Peter Orban e Thea Weller; o baralho não foi impresso num papel muito resistente, as 78 lâminas (cartas) são finas, no dorso o acabamento é dourado com a logo do baralho; as cartas são proficuamente ilustradas, compostas por cenários clássicos/renascentistas, cujas figuras são ladeadas por 02 signos zodiacais na parte superior e 02 signos astrológicos na parte inferior aludindo ao tema em questão. Não prestando muita atenção nesses últimos detalhes, o baralho proporciona horas e horas de meditação sobre os personagens e cenários imaginados.


Não é difícil conseguir esse baralho hoje: com o dólar em baixa é possível adquirir pela Livraria Cultura por até R$ 60,00 (mais frete). A caixa é simples, num tom azul, com o título do deck e a imagem de uma das cartas (The Mediator) na representação de Hermes (Mercúrio). As cartas não são numeradas, restando ao pequeno manual uma ordem de consulta de cada imagem que leva às interpretações. Sugiro que esqueça o manual e deixe-se levar pelas sugestivas e atraentes figuras que são um profundo exercício de captação simbólica.

Ao longo do tempo postarei cada uma das 78 cartas e farei comentários, todos podem participar opinando e trocando ideias. A proposta é ampliar nosso conhecimento simbólico aprofundando conceitos e significados. Para saber mais sobre o Symbolon, recomendo acessar os seguintes sites: Aecletic Tarot - Symbolon e Enchanted Oracles - Symbolon.

O flautista (53ª lâmina do Symbolon)


 
Essa imagem sugere o flautista de Hamelin. O Flautista de Hamelin é um conto folclórico, reescrito pela primeira vez pelo Irmãos Grimm e que narra um desastre incomum acontecido na cidade de Hamelin, na Alemanha, em 26 de junho de 1284. Nesse ano, a cidade de Hamelin estava sofrendo com uma infestação de ratos. Um dia, chega à cidade um homem que reivindica ser um "caçador de ratos" dizendo ter a solução para o problema. Prometeram-lhe um bom pagamento em troca dos ratos - uma moeda pela cabeça de cada um. O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, afogando-os no Rio Weser.

Apesar de obter sucesso, o povo da cidade abjurou a promessa feita e recusado-se a pagar o "caçador de ratos", afirmando que ele não havia apresentado as cabeças. O homem deixou a cidade, mas retornou várias semanas depois e, enquanto os habitantes estavam na igreja, tocou novamente sua flauta, atraindo desta vez as crianças de Hamelin. Cento e trinta meninos e meninas seguiram-no para fora da cidade, onde foram enfeitiçados e trancados em uma caverna. Na cidade, só ficaram opulentos habitantes e repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.

E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.

 
Sua simbologia sugere o problema com promessas vazias e não cumpridas e a escravidão interior diante da expectativa por esperarmos que um dia o que foi combinado seja cumprido. Diz respeito ao encanto, sedução, às propagandas enganosas e as armadilhas advindas destas. Confusão gerada pela distração (nesse caso, o som hipnótico da flauta) levando à perdição ou desvio do caminho. Como no caso das sereias que seduzem os pescadores e levam-nos para o fundo do mar (abordado no mito de Ulisses), alerta sobre os riscos diversos envolvendo o deslumbramento com pessoas ou situações aparentemente confiáveis ou encantadoras (atraentes), incluem-se aí desde relacionamentos obsessivos até o uso fatal de drogas ou bebidas. Por trás do conto de Hamelin há vingança pelo não cumprimento de um pagamento - nem sempre o simbólico apontará para tal situação, mas diz respeito à perda da consciência provocada por emoções descontroladas, como no caso das paixões arrebatadoras ou desmedidas.

Fonte: Wikipédia.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pítia (75ª lâmina do Symbolon)



Em homenagem ao "Dia do Tarô" (25 de maio), preferi não tirar aleatoriamente uma lâmina para análise simbólica, escolhi a dedo a que estava mais relacionada ao dia tão especial comemorado em todo mundo. Para saber mais, clique em: "World Tarot Day".


O nome 'Pítia' vem de Pytho, o nome original de Delfos na mitologia. Os gregos derivaram este topônimo do verbo pythein (πύθειν, "apodrecer"), utilizado a respeito da decomposição do corpo da monstruosa serpente chamada Píton, depois que ela foi morta por Apolo.

A pítia (em grego: Πυθία, transl. Pythía) ou pitonisa era a sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos, Antiga Grécia, situado nas encostas do monte Parnasso. A pítia era amplamente renomada por suas profecias, inspiradas por Apolo, que lhe davam uma importância pouco comum para uma mulher no mundo dominado pelos homens da Grécia Antiga. O oráculo délfico foi fundado no século VIII a.C., e sua última resposta registrada ocorreu em 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio I ordenou que os templos pagãos encerrassem suas operações. Até então o oráculo de Delfos era tido um dos mais prestigiosos e fiáveis oráculos do mundo grego.
O oráculo é uma das instituições religiosas mais bem documentadas do mundo clássico grego. Entre os escritores que o mencionaram estão Heródoto, Tucídides, Eurípides, Sófocles, Platão, Aristóteles, Píndaro, Ésquilo, Xenofonte, Diodoro, Estrabão, Pausânia, Plutarco, Lívio, Justino, Ovídio, Lucano, Juliano, o Apóstata e Clemente de Alexandria.
Um ponto de vista comum a seu respeito afirmava que a pítia apresentava seus oráculos durante um estado de frenesi causado por vapores que subiam de uma fenda no rochedo sobre o qual o templo havia sido construído, e que ela falava coisas sem sentido que eram transformadas pelos sacerdotes do templo em enigmáticas profecias, preservadas na literatura grega. (WIKIPEDIA).

Essa lâmina evoca a questão da profecia. A pítia, em transe, inala os gases vulcânicos e descreve as suas visões. O estado alterado de consciência permite contato com o lado mais profundo da psique ou, se preferirem, uma conexão com os deuses mensageiros. Nasce aí a
adivinhação na sua forma mais pura, mais sagrada. As interpretações das estranhas mensagens murmuradas eram muitas vezes conduzidas pelos sacerdotes que imprimiam significados à estas. O sucesso do Templo de Apolo, com seu sagrado axioma no pórtico de entrada ("conhece-te a ti mesmo"), movimentou peregrinos da Grécia e de outras localizações, transformando Delfos num rico e conceituado polo comercial, atraindo centenas de visitantes periodicamente.

Simbolicamente aponta para o uso da intuição, a prática oracular, as previsões sobre o amanhã. Fazemos a clássica pergunta: "o futuro está escrito ou somos nós quem o escrevemos?". Os sinais estão aí todo tempo, mas a interpretação que fazemos deles faz toda a diferença. A pítia nos lembra que a intuição confere a todos nós a antecipação do futuro. Penso que, parte do futuro está traçada (pré destino) e a outra parte somos nós que determinamos (destino). A transformação do futuro depende de nossas escolhas, nossas ações, nossos pensamentos e sentimentos. Mais do que saber do futuro, é preciso viver bem o agora, afinal de contas, não há futuro sem presente.

De onde viemos? Para onde vamos? Quem somos nós? Essas e outras perguntas já não são apenas discutidas pela filosofia, mas adentram o campo da física quântica. A intuição é o canal que a alma encontra para buscar respostas para profundas indagações do ser. Nem sempre estamos preparados para tal, mas é preciso ouvir-se. Mergulhar dentro de si, autoconhecer-se e meditar sobre seu papel na existência terrena são fundamentais para uma compreensão maior do todo. O futuro? Antecipá-lo só faz sentido se estiver em concordância com o crescimento pessoal. Leviano de nossa parte anteciparmos algo sem usar essa informação para lapidação (melhoria) nossa e do próximo. A curiosidade humana não deve servir propósitos excusos ou preocupações infundadas, muito menos para gerar sofrimentos antes da hora. O futuro revelado só é cabível quando há algo fundamentalmente importante para o crescimento pessoal. Fora disso, é apenas saciar curiosidades vãs e ter a falsa sensação de controle sobre a vida (que sempre nos prega peças).

Para saber mais, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%ADtia

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fernando Pessoa, o simbologista


Na obra "Mensagem", escrita por Fernando Pessoa, consta a nota preliminar:

"Benedictus Dominus Deus noster qui dedit nobis signum*

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.

A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar.

A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.

A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.

A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.

A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo."

*
Bendito seja o Senhor, nosso Deus, que deu um sinal, para nós

Para ler a obra, clique aqui: "Mensagem".

PESSOA, Fernando. Mensagem.edição. Lisboa: Parceria Antônio Maria Ferreira, 1934.

Responsabilidade pela criação (48ª lâmina do Symbolon)


Encontramos aqui a representação de Giovanni di Pietro di Bernardone (Assis, 5 de julho 1182 — 3 de outubro de 1226), mais conhecido como "São Francisco de Assis". Um dos maiores ícones do cristianismo, Francisco inspirou espiritualmente muitos homens pelo seu despreendimento material, amor ao próximo e preocupação com os animais e meio ambiente. Digamos, foi um dos primeiros (senão o primeiro) ecologista mais conhecido no planeta. O título da carta "responsabilidade pela criação" revela um significado importante perante aquilo que criamos: somos responsáveis pelo mundo que vivemos. E, quando falo "mundo", não estou me referindo exclusivamente ao planeta Terra, mas todos os mundos e universos que orbitamos: familiar, profissional, social, afetivo, etc. Não querendo ser piegas, isso me lembra a frase da raposa do livro "O Pequeno Príncipe" (de Antoine de Saint-Exupéry): "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Devemos nos lembrar de quem depende de nós, o ato de cuidar, de zelar pelo bem estar do próximo, pois também acabamos por depender do outro. Via de regra, todos os que são frágeis merecem maior cuidado e inserem-se aí as crianças, idosos, doentes, dependentes químicos, portadores de deficiências, acidentados, a natureza num todo. Mesmo aqueles a atravessar alguma crise ou dificuldade qualquer, merecem todo cuidado e carinho.

Simbolicamente a imagem evoca a humildade, a simplicidade, a interação com a natureza, a espontaneidade, a alegria de viver com pouco, a conexão com a terra, o amor incondicional, a entrega a uma causa superior. Nos lembra que o amor deve perdurar através do respeito a todos os seres viventes. E que, somos responsáveis por toda a criação, pois dela dependemos.

Para conhecer mais, clique em: Francisco de Assis.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O simbolismo do anel nupcial



O simbolismo do anel é vastíssimo, bastando dizer que várias culturas o incorporaram em seus mitos, revelando a natureza de seu poder e dimensão de seus efeitos sobre aqueles que o possuíam. Cada anel tem características próprias, definidas pelo material de que é feito, inscrições, pedras neles incrustadas, ritos atribuídos e sagrações. Com certeza, evoca o sentido de eternidade e continuidade das forças universais, manifestando a idéia do círculo de poder e pacto entre os homens e deuses. Mas, o que na verdade representa o anel nupcial ?
Muita gente casada, ou que está noiva, pouco sabe sobre o simbolismo do anel nupcial. Para alguns, presentear a outra parte com o anel nupcial (aliança) é um convite ao selamento matrimonial; para outros, apenas um objeto de pura vaidade e capricho. O fato, é que essa pequena e delicado adereço encerra em si um poderoso elemento de ligação entre a anima e o animus. Antes de mais nada, a sua própria forma circular é uma representação da alma e reporta-se ao Self (Si-Mesmo). Isso quer dizer que quando há a troca de alianças (no noivado ou casamento), inconscientemente está havendo um intercâmbio anímico, como que cada um das partes recebesse a essência da alma da outra. E por que o ouro é o metal preferido na confecção das alianças ? Não só por sua beleza, mas o ouro é um metal nobre que tem correspondência direta com o sol, com a luz e com a consciência. É um metal alquímico e transmite também o significado de sua raridade; tal como um herói mítico, o homem que compra as alianças e a oferta à sua parceira, percorreu todo um caminho iniciático até ali, vencendo provações ou desafios na sua relação (junto à sua parceira), e como prêmio raro, oferece a aliança como tesouro conquistado no fim de sua jornada. Na verdade, a jornada está apenas para recomeçar, pois a fase em que a aliança se encontra na mão direita (ativa, equivalente ao hemisfério esquerdo do cérebro - racionalidade, lógica, análise) cumprirá sua "prova de fogo" para provar seu amor e normalmente terá que se desdobrar junto à sua parceira para formularem o embasamento do lar. Quando a aliança é consagrada no festivo dia matrimonial, ela passa para a mão esquerda (passiva, equivalente ao hemisfério do cérebro - emoção, intuição, sentimento), então a nova jornada do casal será a nova estrutura familiar formada e todas responsabilidades advindas do processo. Logo, todo processo é um ato consciente de fusão anímica (ou pelo menos, deveria ser).Há ainda um mito entre os egípcios no qual acreditavam que havia uma veia que partia do dedo anelar direto para o coração, daí a escolha desse dedo para ocupação do objeto.

Outro aspecto importante que reforça o simbolismo solar da aliança, é o fato do dedo anelar ter correspondência na quirologia com o sol. Logo, todo rito que vai do noivado até o casamento é solar, que expressa luz e invoca a verdade. Não deixarei de citar também o simbolismo sexual por detrás do dedo e da aliança: o dedo como símbolo fálico (lingan) e o anel como símbolo vaginal (yoni) sela também o ato sexual que culmina com a Lua de Mel.

A inscrição do nome de cada parceiro é feita tradicionalmente do lado interno da aliança. Isso simboliza duas coisas: a primeira é que o nome, como mantra sagrado, se mantém protegido na parte de dentro do círculo. Ou seja, o poder daquele nome "fica restrito ao portador da aliança" (isso é uma metáfora); a segunda, que só aquele que porta da aliança sabe exatamente o que está escrito em sua face interior (além do nome de seu (sua) parceiro (a), algumas pessoas também inscrevem datas, palavras de amor, símbolos como o coração, etc) e mantém o conteúdo protegido do olhar de estranhos. Comprova-se aí a importância do círculo como área delimitada, sinalizando um campo de energia e força.

A aliança impõe ao seu usuário a condição de amo e escravo ao mesmo tempo: a troca de alianças passa também a ser o elo de poder entre as partes na relação, mas também o "agrilhoamento simbólico do casal". Na verdade, essa não é uma condição que expressa submissão: a escolha do parceiro ou da parceira tem relação direta com o animus e a anima, logo, você escolhe seu "reflexo interior" e se funde simbolicamente através do anel.

Um importante símbolo é inserido dentro do casamento católico: a criança, normalmente uma menina (dama de honra) leva as alianças ao padre. A criança representa a pureza de intenção e é ela quem conduz as alianças até o ato de sagração final. Em alguns antigos ritos pagãos, a exemplo o celta, utilizava-se a coroa de flores para ser colocada na cabeça da jovem que se casava, e normalmente era uma criança que a carregava no ato cerimonial e entregava ao sacerdote; apesar de símbolos com diferenças de interpretação, a coroa nupcial e o anel mantêm estreita relação, pois ambas são figuras circulares.

No ato das Bodas de Prata (25 anos), é acrescida pelo casal uma fina camada folheada de prata, normalmente representando uma "coroa de louro de prata" como prêmio conquistado após 25 anos de casados, reafirmando os votos matrimoniais. A prata é um metal que corresponde à Lua, logo é acrescida uma coroa lunar ao símbolo então solar. É como a relação entrasse numa fase mais interiorizada, mais yin, mais sublime. O louro sempre foi considerado uma planta ligada aos nobres, logo a folhagem de louro em prata marca um ciclo de magnificência conquistado pelo casal. Também evoca de certo modo, a maturidade atingida na relação. A Lua também tem relação com a família, é nessa altura do campeonato, é bem possível que ela tenha crescido o suficiente para sinalizar o potencial lunar.

As Bodas de Ouro (50 anos), reafirma o compromisso solar feito no dia do casamento (consciência, luz, verdade). O casal recebe um novo par de alianças normalmente levado pelo(s) filho(s) - frutos da união solar e lunar. Isso evoca simbolicamente que o ciclo solar foi completado pelo casal e há um renascimento da relação, só que no nível espiritual. O fato dos filhos levarem as alianças, também implica inconscientemente que os descendentes devam selar o compromisso solar com suas respectivas parceiras.

Quero frisar que a sagração das alianças independe de igreja ou templo que o casal possa estar integrado. O rito de troca de alianças é sempre um momento ímpar, e deveria ser feito primeiramente pelo casal a sós. Atribuo a isso, o que Jung chamava de momentum, ou seja, é um ato único no tempo e espaço criado exclusivamente pelas partes envolvidas na relação.

A aliança tem mais poder e sentido para a mulher do que para o homem, já que o círculo é uma figura geométrica feminina (pois encerra em seu interior um sentido, analogamente ao útero). Logo meninos, ao ofertar a aliança à sua parceira lembre-se que está ofertando sua alma à ela "para todo sempre e por toda eternidade"...